05 novembro 2008

A morte a bordo do Paxi C


Os barcos já não têm o mesmo poder simbólico de outrora. O avião e os sucedâneos ocupam esse lugar. Mas para um nostálgico, como o autor destas linhas, os barcos continuam a exercer um fascínio que muito deve às histórias de piratas e a um ou outro filme que mostra como um barco é (ou pode ser) uma ilha.

O que aconteceu ao largo da costa espanhola, a bordo de um navio mercante italiano, despoletou essas memórias. Uma tragédia que nos recorda como as relações humanas são feitas de momentos ferozes e de acasos fatídicos.

Aconteceu que um marinheiro se passou dos carretos e não esteve com meias medidas: esfaqueou o comandante do navio até à morte. Depois, fechou-se nos seus aposentos e lesionou-se, sendo encontrado inconsciente.

O barco onde tudo ocorreu leva o curioso nome de Paxi C. A paz, está visto, é meio caminho andado para a batalha.

Talvez por o poder ter muitos rostos e a autoridade resvalar amiúde para o autoritarismo, se calhar por insegurança daquele que devia liderar e não consegue.

Algo que está presente no quotidiano de qualquer lugar. Algo que mostra que o terror é sempre uma janela desse quotidiano e raramente uma estrada longínqua.

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