25 agosto 2008

A utilidade da arte


Às vezes a arte é útil. Muito útil. Quase imprescindível. Que o digam dois alfacinhas que encontraram em "Treze a rir uns dos outros", de Juan Muñoz, um bom local para dormir.

As esculturas, que se encontram no jardim da Cordoaria, no Porto, servem de casa provisória a dois jovens, que não são uns sem-abrigo comuns. Foram para o Porto supostamente à procura de emprego e, sem dinheiro para casa ou pensão, vivem agora ao relento. O que faz com que as esculturas sejam olhadas com outros olhos. Há quem fique a mirar a casa provisória que os rapazes construíram sob uma das esculturas. Forrada com cartão e com plásticos, a escultura tem no interior uma pequena divisão e dois espaços que servem de cama.

Bruno P., um dos jovens, trabalhava na capital como pintor. Foi para o Porto à procura de um emprego melhor. Mas quando lá chegou as condições não lhe agradaram. A proposta de trabalho era de assentador de pedra em França, mas o jovem não gostou das condições e acabou por ficar no Porto sem dinheiro para voltar para casa.

Ontem, já passava da hora do almoço e Bruno ainda dormia, enrolado em cobertores. Não quis sair. Mas contou ao JN a sua situação. "Não sou nenhum marginal. Só estou à procura de trabalho. Penso em ir embora todos os dias, mas não tenho dinheiro", desabafa. "A Polícia já esteve aqui e perguntou ao meu colega quanto tempo é que íamos ficar. O meu amigo disse-lhe que seria até Setembro e eles não disseram mais nada. Vêem-nos aqui todos os dias quando passam, mas nada dizem. Fomos ficando", relata.

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