30 abril 2008

Porque será que quando a senhora abre a boca sai...

A Finlândia é, como todos sabemos, o paradigma dos países. Pensa-se no país mais desenvolvido do planeta e o nome sai logo: Finlândia. Pensa-se no país mais criativo e lá está o nome Finlândia a piscar. Pensa-se no país onde qualquer pessoa quer viver e não é que toda a gente quer ser finlandesa?

A Finlândia é, pois, o corolário retórico dos portugueses que estão neste momento no governo. Até porque, como todos sabemos também, entre os políticos de ambos os países as afinidades são muitas. Lá como cá, os ministros aprovam negócios que lesam em muitos milhões o Estado. Lá como cá, os ministros saem do governo e vão dirigir empresas que foram altamente beneficiadas pelo governante em causa. Lá como cá a cultura social é a mesma: vivenda, automóvel, trapos, trabalhar pouco. Isto para não falarmos do clima. Não há dois países mais parecidos, a Finlândia e Portugal.

Maria de Lurdes Rodrigues, a ministra maravilha, certamente com uma costela finlandesa, descobriu que «Facilitismo é chumbar. Rigor e exigência é fazer com que todos aprendam». Nem mais. Os alunos portugueses é que, coitados, não são nada finlandeses, gostam muito de estudar. E estudam tanto e são tão empenhados e esforçados que estamos a conseguir a proeza de ter cada vez mais alunos com 9 anos de escolaridade, a que se juntam três de pré, que não percebem o simples enunciado de um problema e não podem, portanto, ser bons a matemática. Também não são capazes de digerir um texto simples. Qualquer texto literário que não tenha sido redigido para um público infantil lhes faz mossa. Refiro-me, claro, aos tais que a nossa ilustre e sapientíssima Lurdes Rodrigues quer passar de ano à viva força. Até porque isso sai muito caro.

Seria lógico, num país bastante menos rico que a Finlândia, que isso tivesse custos para os pais ou encarregados de educação. Ou seja, que o ensino para tais alunos deixasse de ser gratuito, enquanto os filhos ou os educandos não revelassem o básico: interesse, empenho, esforço. Mas não. O que é preciso é haver uma lei que passe toda a gente.

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