19 abril 2008

Depois dos cães, as pessoas?


Há quem queira mostrar a morte de pessoas. Pretexto: a arte. A morte é altamente estética? Ou será tão-só a procura da fama do próprio artista? Arte e publicidade são sinónimos? Viverão ambas de e para o espectáculo?

A morte, essa nossa velha amiga, que não olha a saldos bancários, cores da pele, credos ou outra qualquer humana questiúncula e que fora confiada a hospitais e agências funerárias, embora num ou noutro lugar haja ainda espaço para velhos ritos, como velar o cadáver ou o pranto das carpideiras, a morte, dizíamos, regressa, mediática e com tiques de artista. Gregor Schneider, depois de ter simulado a sua própria morte e ter «ficado fascinado», quer agora filmar pessoas a morrer para poder continuar o seu trabalho. Será um cientista que estuda aspectos particulares do comportamento humano? Ou tudo não passa de uma estratégia para continuar a saga pop do artista enquanto artista?

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