18 abril 2008

Camilo Pessanha (1867-1922)

Chorai arcadas

Do violoncelo!

Convulsionadas,

Pontes aladas

De pesadelo...


De que esvoaçam,

Brancos, os arcos…

Por baixo passam,

Se despedaçam,

No rio, os barcos.


Fundas, soluçam

Caudais de choro…

Que ruínas, (ouçam)!

Se se debruçam,

Que sorvedouro! …


Trémulos astros…

Soidões lacustres...

– Lemes e mastros...

E os alabastros

Dos balaústres!


Urnas quebradas!

Blocos de gelo…

– Chorai arcadas,

Despedaçadas,

Do violoncelo.



(Nota: correm por aí versões mal transcritas deste poema, tendo em conta as várias edições de Clepsidra consultadas)

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